quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

PÉTREO

Não deixem!
Que me transformem em Granito ou Argamassa de Cimento
E que joguem sobre meus ossos o cal

Não deixem!
Que moldem em bronze, cobre ou qualquer vil metal
que possa luzir ao gosto do óleo e do fel e do sal

Não deixem!
Que me façam Raiz
E me cravem na terra feito Espantalho de Pedra..
Que eu seja mais um...
A ocupar nobres lugares em praças
Intimidando flores e pássaros el



Nunca!

Em hipótese alguma..

Deixem que cometam a heresia de me impermeabilizarem

de me deixarem  exposto...

 

Majestosamente Estático

 
Espelho Pétreo a céu aberto

Exilado de minhas águas

Morto a míngua de sede

Cego de meus horizontes

Mito ausente de natureza



Prometam!
Que me deixarão partir

Seguindo sobre leitos

Lambendo margens

Sob o olhar cuidadoso da restinga.



Tributo à Benedicto Monteiro pela data de seu 87 aniversário de vida, pois que poetas não morrem... apenas se encantam.
por Wanda Monteiro

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

VOZ SUBTERRÂNEA - Escrito pelo jovem poeta Benedicto Monteiro aos 18 anos de idade - publicado em seu livro BANDEIRA BRANCA

Quando tudo parecer perdido,

Que todos pensarem

Na escravização total das massas

Uma voz se levantará

Para gritar pela Liberdade

Porque Deus

Deixou a alma do homem

Livre sobre a Terra



Podem passar

Guerras e conquistas

Loucos e maníacos

Profetas

Falsos deuses

E falsos heróis!

Mas

A palavra de Deus

Não passará nunca!

E o homem

Será livre eternamente

Basta que ele seja consciente

E seja homem

Porque

Mesmo dominado

Subjugado

Ele gritará



Das barricadas

Dos esgotos

Das fábricas

Dos campos

Das escolas

Dos lares constituídos

Do subterrâneo!

Nascerá esse grito

Que é voz subterrânea

De todos os povos

E de todas as Nações