sábado, 13 de agosto de 2011

VEM DA AMAZÔNIA ESTA IMENSA POESIA



Vem da Amazônia este grande poema
esta grande e imensa poesia
que inunda a minha alma...

Vem da terra verde
onde as mãos das crianças acenando ao longe
parecem asas de pássaros
cansados...

Vem da planície verde este grito estranho
este grito bárbaro
que  já rompeu todas as florestas
e reboou em todos os igapós

Vem da Amazônia este grito forte
que tem a voz nova das crianças
e a poesia antiga da voz dos meus avós...

A Amazônia traz a poesia pacífica dos lagos
a harmonia bucólica dos campos
e o mistério lendário das águas e das matas
Traz a voz do caboclo acompanhando o rio
em tristes serenatas
Traz a voz do machado rouco
roncando dentro das selvas agressivas  
Traz o baque da árvore caindo em terra
gritando e rangendo
na música sublime das melodias vivas
Traz o poema das terras caídas
que levam vidas
e desfazem lares
Traz a tristeza das matas
e a beleza do céu nas tardes crepusculares

Tudo isto vem da Amazônia
o meu pensamento
 e até mesmo a conversa milenária
e caótica do vento
vagabundando por todos os recantos
desta terra moça
que o homem conquista e não domina

Tudo isto vem da alma semelhante
para mostrar a poesia maior e mais vibrante
que esta terra verde é .

Benedicto Monteiro

foto de Leila Jinkings

terça-feira, 7 de junho de 2011

SINOPSE DA NOVELA O CARRO DOS MILAGRES - AUTOR: PROFESSOR MARCEL FRANCO


O Livro O Carro dos Milagres, de Benedicto Wilfred Monteiro (1924-2008) é  uma coletânea de narrativas publicada em 1975, durante os Anos de chumbo (Ditadura Militar), de censura à cultura escrita. Premiada pela Academia Paraense de Letras, a presente coletânea contêm relatos de um caboclo que vem da brenha das matas amazônica contar suas histórias, memórias, culturas e saberes. Das sete narrativas, é importante enfocar aquela que contém o mesmo título do livro: O Carro dos Milagres.
            Ainda que inserida num livro de contos, a primeira narrativa – O Carro dos Milagres – enquadra-se na categoria de novela, porque o enredo dela não trata de um único assunto, mas sim de vários e com muitos personagens; além disso, cabe-lhe o patamar de novel pelo fato de ter menor extensão do que o romance. Todavia, não é interesse trabalhar o aspecto do subgênero narrativo, mas sim tratar do conteúdo e da estrutura narrativa da referida obra.
            A novela O Carro dos Milagres apresenta a experiência do caboclo Miguel dos Santos Prazeres (embora esse nome não apareça nesse texto, pode-se dizer que ele é subentendido de acordo com o conjunto da coletânea) no Círio de Nazaré em Belém/PA. Primeiramente, nota-se o diálogo entre dois caboclos (Personagem-narrador e o Compadre) que vieram acompanhar o Círio, sendo que Miguel tem o interesse de pagar uma promessa que a sua mãe fez a Nossa Senhora de Nazaré do Retiro (ou do Desterro) quando o rapaz encontrava-se em situação de perigo com sua canoa nas águas do Marajó. A mãe velha prometera a Santa que se seu filho fosse resguardo do temporal ele haveria de levar um barco a vela de miriti durante a procissão.
            O personagem-narrador (Miguel) descreve, de forma maravilhosa, os detalhes da procissão que está assistindo pela primeira vez, volta-se ao passado de suas lembranças para contar suas sagas de canoeiro no Igarapé da Mata do Catauari com o Compadre, um amigo que o acompanha no Círio e numa beberagem com cachaça de Abaeté, enquanto aguardam no nascer do dia a saída do Círio no Largo da Sé (atual Praça Dom Frei Caetano Brandão).
            Depois de muitos goles de bebida, os dois caboclos resolvem segui a procissão, sendo que Miguel tinha o objetivo de achar o Carro dos Milagres e depositar a sua promessa (o barco a vela). Miguel avista o Carro, descreve a lenda portuguesa contida na iconografia do Carro (o milagre de Nossa Senhora de Nazaré a Dom Fuas Roupinho no século XII). Mas o caboclo encontra inúmeras dificuldades para pagar sua promessa: primeiro perde o companheiro de cachaça, o compadre; depois esbarra com o barquinho num balão de gás que dispersa a promessa no meio dos romeiros.
            Miguel, bêbedo e perdido na multidão, acaba chegando a Basílica-Santuário de Nazaré. Ali o caboclo fica maravilhado com as impressões artísticas da Igreja e nela se deixa estar até as altas da madrugada. Ao chegar na garagem, Miguel, com uma vela na mão, encontrar o Carro do Milagres e se detém olhando as promessas contidas na barca. E é exatamente aí a história se complica: O rapaz é surpreendido por beatas que, maliciosamente, o acusam de incendiário e de ladrão. Já raia um novo dia e elas chamam o padre e a polícia para deter o suposto meliante.
            O caboclo é levado preso para a delegacia e ali descreve a presença dos detentos de vários lugares do país e do exterior e as minúcias horríveis daquele cárcere. Depois, avista outro Compadre, viciado em soltar balões de gás, que faz procuração por seu filho perdido e possivelmente morto na procissão. Miguel observa e relata o equivoco sobre a morte do filho desse Companheiro, achavam que o filho era um rapaz que morreu na explosão de um compressor de balão que estourou na procissão. Mas, logo é resolvida essa história quando encontra o filho do Companheiro que ficou bebendo quando seu pai lhe ordenara comprar tais balões coloridos, os mesmos que foram descuidados e soltos pelo filho, os mesmo que levaram a promessa do Miguel, o qual desfecha a história prestando depoimento à polícia. 
               
* Escritor, professor, jornalista, licenciado pleno em Letras/Português (UEPA) e mestrando em Ciências da Religião (UEPA). marcelpa@hotmail.com
           
Estrutura da Narrativa

Personagens:        

·        Principais:
Narrador (com o nome subentendido “Miguel dos Santos Prazeres”) – redondo/complexo/antagônico;
            Compadre “de cachaça” – redondo/complexo;
            Compadre “que perdeu o filho” – linear/plano.

·        Secundários:
Mãe velha (genitora do narrador) – linear/ plana;
Beatas – redondas/complexas;
Comissário (policial) – linear/plano;
Comadre (que perdeu o filho) – linear/plana;
Filho (dos Compadres) – redondo/complexo
   
Tempo

·        Tempo cronológico – dois dias seguidos, desde a madrugada do Círio até à tarde do dia seguinte: “três horas da tarde”;
·        Tempo histórico – o milagre de Nossa Senhora de Nazaré a Dom Fuas Roupinho no século XII;
·        Tempo psicológico – feed back: lembrança do naufrágio do barco, das sagas pelos igarapés como o compadre “de cachaça”.

Espaço

·        Espaço físico: Largo da Sé (atual praça Dom Frei Caetano Brandão), catedral da Sé bairro da Cidade Velha, ruas do cortejo do círio, Largo de Nazaré (atual Praça Santuário), Basílica-Santuário de Nazaré, sacristia e garagem da Basílica, cadeia.
·        Espaço psicológico: Baía do Marajó, Igarapé das Matas do Catauari.

Ambientação

            Contexto social, histórico, religioso, familiar.

Enredo

            Linear e a-linear (intercalado com memórias, feed backs)

Foco-narrativo

            Narrador em primeira pessoa

Discurso

            Direto e indireto livre

Clímax
           
Reencontro do filho (dos compadres) embriagado, o qual diziam que estava morto e o mesmo que soltou os balões coloridos que se engataram na promessa do Miguel.



sexta-feira, 1 de abril de 2011

quinta-feira, 31 de março de 2011

MARIA DE TODOS OS RIOS - Fragmento do romance




Hoje, a senhora pensa, eu sinto o maior arrependimen­to. O maior arrependimento da minha vida, de não ter acudi­do naquela justa hora a minha pobre mãe. Bem que podia ter chegado com ela, levantado a sua cabeça, olhado nos seus olhos e perguntado o que tinha acontecido. E porque ela estava da­quele jeito, tão triste sentada no chão. Mas não percebi nada, minha mana, nada, foi uma burra, uma filha ignorante e desnaturada. Deixei minha mãe naquele jeito, que ela ficou paresque o dia todo. Sem falar, sem se mexer, sem ao menos levantar a cabeça. Imagine que eu não sei nem se ela chegou a chorar. E eu até que pensei que ela estava des­cansando daquela poda que tinha feito nas roseiras, gente burra é assim mesmo. Cheguei até a pensar que ela tinha cortado as roseiras pra facilitar a nossa passagem. A minha valença foi que eu não disse também nenhuma palavra. Só fiz escu­tar. E aí, sabe o que tinha acontecido desde a madrugada. A senhora nem pode imaginar. O tal de homem que tinha ali dor­mido com ela naquela noite, era que tinha feito aquela mortandade. Antes mesmo de entrar no quarto e se instalar na rede, ele mesmo já tinha feito aquele ruim serviço. Tinha pegado o terçado e roçado todas as roseiras. Minha mãe não cansava de repetir; — Aquele traste, aquele perverso, cortou as minhas rosas só porque diz’que as suas pernas tinham esbarrado nos espinhos. E era pra se fazer tamanho estrupício? Onde já se viu cortar roseiras só pra facilitar caminho de gente? O certo foi que minha mãe não conversou duas vezes. Ela mesma dis­se que arrumou todas as coisas dele num saco, e apontou o olho da rua. Eu mesmo não vi nada. Só vi minha mãe sentada no chão, com as mãos na cabeça e as roseiras cortadas no quin­tal. Minha mãe, talvez pra me dar uma explicação, me per­guntava; — Você acha, minha filha, que eu podia ter um cara desses na minha casa, que não respeitava nem as minhas rosas? Não, ela nunca falou das coisas que se passavam naquele quarto. Por isso, ele saiu como entrou na casa, um homem calado, desconhecido, que trazia carne ou peixe todos os dias e que trabalhava num estaleiro na margem do rio, fora da cidade.


Pra mim, ele ficou sendo o homem que cortou as rosas da minha mãe, de terçado. Pra minha mãe, eu nunca soube o que ele tinha sido. Mas sabia o que ele passou a ser, depois que cortou as roseiras do quintal, um perverso, um animal, um degenerado. Minha mãe foi ao cúmulo de mandar quei­mar a rede que eles dormiram várias vezes. Tomou muitos ba­nhos de descarrego e passou dias e dias, desinfetando o quarto onde eles se trancavam. Sabe, eu não consigo nem imaginar como minha mãe suportava aquela dor, de ter dormido e trepado com um homem que não respeitava nem as suas rosas. Não, não, eu não poderia perguntar. Minha mãe jamais per­mitiria que ao menos se tocasse nesse assunto proibido. Era, era proibido sim senhora, tocar na relação dela com esse ho­mem. Eu acho que depois disso, a minha mãe perdeu até a força da vida.


Relembrando esses fatos, é que hoje eu tenho condições de avaliar a situação da minha mãe, morando naquele cubícu­lo da Vila da Barca. Lá não tinha ruas, só tinha pontes. Esti­va, como chamavam. Era por onde todo mundo transitava. Um taboado que ligava as casas com as ruas, ou com o aterro mais próximo. Embaixo, a lama ou a água da mar é estagna­da. Nas partes mais altas, aquela vegetação de mangue ou ca­pim de beira de rio, que subia e descia com as marés.


Mas, na nossa casa ou no nosso quarto, padecíamos tam­bém da falta de horizonte. Minha mãe não reclamava. Mas agora, eu posso avaliar a falta que ela sentia de suas flores, de suas plantas e de todo aquele descampado, das beiras dos rios e das beiras das matas que ela tanto sonhava. No princí­pio, ela ficou muito inquieta. Andava de um lado para outro, no pequeno espaço da nossa casa. Depois saía pra estiva e ficava olhando pros dois lados da ponte, como se estives­se num beco sem saída. Mas a ponte sempre esbarrava em ou­tras casas que fechavam o horizonte. Nas horas que chovia, saía pra fora de casa e tomava banho na chuva. Deixava que a água lavasse o seu rosto, virado pro céu, num gesto parado e de súplica. Pensei muitas vezes que minha mãe estava ficando doida.


Nunca compreendi essa inquietação de minha mãe. Eu pensava que era uma doença. Nem tive capacidade de in­terpretar os seus gestos, como esse de se entregar todinha pras águas da chuva. Com olhos fechados ou fitando entre os respingos, nunca imaginei que ela podia estar procurando, muito longe, o firmamento. Era paresque a procura de uma brecha, pra olhar mais longe. Uma janela pro rio, com lei­to largo e águas correntes. Ou até mesmo pra a baía de Guajará, que ficava não muito longe dali. Era paresque a busca desesperada do horizonte. Minto! Esse gesto da minha mãe, de se entregar pra chu­va, de deixar que a chuva lavasse todo o seu rosto, me fez re­parar mais nas águas que caiam do céu, às vezes de repente. Passei a olhar a chuva, não mais como um simples fenômeno da natureza que, às vezes, até que me impedia de sair de ca­sa. As vezes, até como verdadeiro empecilho pra secar a rou­pa que a gente lavava. Passei a ver a chuva que caia quase todas as tardes, como uma aliada da minha mãe, que gostava de receber os seus respingos e de se lavar nas suas águas. Pas­sei a ver a chuva sempre como uma nova paisagem.


Como não tínhamos horizonte, antes da chuva cair, eu cor­ria pro boteco, que ficava num trapiche que dava pra baía, bem na ponte da Vila da Barca. Ver a chuva cair na própria água era uma imensidade. Às vezes, descendo como névoa, tingindo todo o espaço e escondendo as embarcações que fi­cavam mais ao longe. Às vezes, caindo de mansinho em res­pingos que riscavam o ar e furavam a lisura das superfícies. Às vezes, despencando como cachoeiras de nuvens negras, que fechavam ainda mais o horizonte. E às vezes, como cortinas de fumaça, que se misturavam nas águas com o balanço das ondas.


Quando as chuvas me pegavam na cidade, no meio da rua, que eu podia ver os edifícios ou que eu podia apreciar suas águas verdes escorrendo das mangueiras, eu ficava horas e ho­ras entretida, escutando o barulho e vendo as mudanças que aconteciam em todas as paisagens. Conforme fosse a hora da tarde ou quase noite, o brilho do sol que furava as nuvens, às vezes se misturava nas águas com o acender das lâmpadas.


A senhora pensa, a chuva, em Belém, tem que fazer par­te da vida da gente. Ela cai quase todos os dias e em todas as tardes. No princípio, eu ficava trancada em casa ouvindo apenas o seu barulho nas telhas e nas tábuas. Depois eu des­cobri a beleza da chuva nas ruas, a beleza da chuva nas man­gueiras e a beleza da chuva nos edifícios. Sempre eu me colocava em lugares diferentes pra ver a chuva cair. Não, não era como a minha mãe, que ia pra baixo dela e gostava de se molhar toda vestida. De olhar de dentro da água escorrendo no seu rosto. Eu ficava de fora mesmo, vendo pelos vidros, pelas vidraças, pelos vãos dos edifícios e de passagem, pelas janelas dos ônibus. A chuva, a senhora pensa, faz de Belém uma cidade encantada, que muda com as águas vivas, Quando chovia – eu lembro bem - o sol, nas tardes, e as lâmpadas, nas noites, iluminavam tudo diferente. Nunca eu vi uma chuva igual a outra, sempre mu­dava de cor e de sombra, conforme o lugar que a gente ficasse pra devassar a sua penumbra. Até as pessoas que passavam, andando ou correndo, ou que ficavam escoradas embaixo das marquises, ficavam molhadas de sombras. Mas os moleques não, esses danados, quando corriam pra juntar as mangas, que caíam maduras das mangueiras, pareciam, nessas horas mais cheios de vida. Por baixo das mangueiras, no meio dos car­ros, correndo e espirrando água, eles passavam como relâm­pagos, com seus gestos rápidos, colorindo as calçadas e as sarjetas. Suas costas negras, brancas ou morenas, refletiam a chuva, caindo na pele e penteando toda aquela paisagem mo­lhada de pureza.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Personalidades Históricas Benedito Monteiro

Terra Caída por Wanda Monteiro

Amazon River

INSATISFAÇÃO - texto de Benedicto Monteiro



Trago no corpo
o  frio desfibrador das endemias
a lama das terras alagadas
e o soturno roncar do Amazonas
quebrando e inundando
verdes matarias!

Trago nos olhos
o horizonte verde, sempre verde
da terra imensa e misteriosa
a realidade triste, sempre triste
dos homens que vivem
nas lendas maravilhosas

Desses homens que lutam
a guerra dos fortes
brigando com a água
e com a ferocidade
das forças desconhecidas.

Trago nos olhos
a monotonia das paisagens
a poesia triste das paragens
a triste poesia que brota da terra
transformando em lenda a miséria da vida!

Trago na alma
os quadros trágicos e possantes
que guardam ainda a cor
e a impetuosidade
das crianças  remotas.

Trago na alma
a impressão  marcada
da gente infeliz e desgraçada
que já enfrentou todas as derrotas!

Tudo isto eu trago
no meu coração
para escrever
 a minha grande  poesia
de insatisfação ...

poema escrito pelo autor em 1945 ..aos dezoitos anos de idade

Transtempo

POEMA DAS DISTÂNCIAS


Não posso fixar distâncias
                nesta época em que as distâncias desapareceram.
               
Não posso compreender distâncias
                nesta época em que nos grandes caminhos
 Os homens se perderam...

Mas
no dia em que a canoa do caboclo deixar de navegar
muita coisa na Amazônia vai mudar...

Porque a canoa conduz tão bem
uma noiva matuta p’ra cidade

Conduz
 às vezes
dois namorados sozinhos pelo rio
que mais parece a poesia tristonha  da Amazônia

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

PÉTREO

Não deixem!
Que me transformem em Granito ou Argamassa de Cimento
E que joguem sobre meus ossos o cal

Não deixem!
Que moldem em bronze, cobre ou qualquer vil metal
que possa luzir ao gosto do óleo e do fel e do sal

Não deixem!
Que me façam Raiz
E me cravem na terra feito Espantalho de Pedra..
Que eu seja mais um...
A ocupar nobres lugares em praças
Intimidando flores e pássaros el



Nunca!

Em hipótese alguma..

Deixem que cometam a heresia de me impermeabilizarem

de me deixarem  exposto...

 

Majestosamente Estático

 
Espelho Pétreo a céu aberto

Exilado de minhas águas

Morto a míngua de sede

Cego de meus horizontes

Mito ausente de natureza



Prometam!
Que me deixarão partir

Seguindo sobre leitos

Lambendo margens

Sob o olhar cuidadoso da restinga.



Tributo à Benedicto Monteiro pela data de seu 87 aniversário de vida, pois que poetas não morrem... apenas se encantam.
por Wanda Monteiro

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

VOZ SUBTERRÂNEA - Escrito pelo jovem poeta Benedicto Monteiro aos 18 anos de idade - publicado em seu livro BANDEIRA BRANCA

Quando tudo parecer perdido,

Que todos pensarem

Na escravização total das massas

Uma voz se levantará

Para gritar pela Liberdade

Porque Deus

Deixou a alma do homem

Livre sobre a Terra



Podem passar

Guerras e conquistas

Loucos e maníacos

Profetas

Falsos deuses

E falsos heróis!

Mas

A palavra de Deus

Não passará nunca!

E o homem

Será livre eternamente

Basta que ele seja consciente

E seja homem

Porque

Mesmo dominado

Subjugado

Ele gritará



Das barricadas

Dos esgotos

Das fábricas

Dos campos

Das escolas

Dos lares constituídos

Do subterrâneo!

Nascerá esse grito

Que é voz subterrânea

De todos os povos

E de todas as Nações