Trago no corpo
o frio desfibrador das endemias
a lama das terras alagadas
e o soturno roncar do Amazonas
quebrando e inundando
verdes matarias!
Trago nos olhos
o horizonte verde, sempre verde
da terra imensa e misteriosa
a realidade triste, sempre triste
dos homens que vivem
nas lendas maravilhosas
Desses homens que lutam
a guerra dos fortes
brigando com a água
e com a ferocidade
das forças desconhecidas.
Trago nos olhos
a monotonia das paisagens
a poesia triste das paragens
a triste poesia que brota da terra
transformando em lenda a miséria da vida!
Trago na alma
os quadros trágicos e possantes
que guardam ainda a cor
e a impetuosidade
das crianças remotas.
Trago na alma
a impressão marcada
da gente infeliz e desgraçada
que já enfrentou todas as derrotas!
Tudo isto eu trago
no meu coração
para escrever
a minha grande poesia
de insatisfação ...
poema escrito pelo autor em 1945 ..aos dezoitos anos de idade
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