...A água vinha por todos os lados. Fora das águas também não se enxergava. Eram suas cores negras que molhavam...
...Houve então, a invasão das águas. Parecia que a noite inteira era líquida e se derramava por cima do barco. Pra mim, paresque ficamos balançando por perto dalguma margem. Tanto o tempo não era tempo, como a noite não era noite e mata não era mata. A chuva, de tanto negra que era, tinha ficado meio-branca ou sem cor, paresque. Foi aí que me deu um relâmpago que rasgou o mundo em dois pedaços. Não sei se fogo entrou por dentro de mim ou se fui eu que entrei por dentro do fogo. A luz me cegou de repente e me alumiou inteiro por dentro. O branco da luz virou de novo paresque em todas as cores. Cores vivas, o senhor pensa. E o negro de tanto negro virou de novo numa estranha claridade. Claridade que paresque era mais de pensamento...
...O silêncio era como a luz que a gente não via, mas que também não escutava.
...e, quanto mais eu remava, mais a água ficava da cor da noite, da cor da luz, da cor do céu e da cor do vento. Cismei logo que fosse as maranhas dalgum encante, cobra-grande, boiúna, yara ou encante só da própria água.
...Tudo era espaço e tempo vago. Verde e vago. Verdevagomundo. Fi aí que eu me perdi na mais pura claridade. Era paresque claridade do verde, da água, da noite e do silêncio. Pensei que era a morte, que eu estava morto. Pensei que eu estava bem no fundo. Mas, nesse mesmo instante, neste justo e exato momento, foi que a água e o céu se abriram e surgiu uma praia branca.
Todos os verdes e todas as cores se resumiram naquela praia. E não tinha princípio nem fim. Era uma distancia. Era paresque uma margem...mas uma outra margem.
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