quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A TERCEIRA MARGEM - FRAGMENTO





...A água vinha por todos os lados.


Fora das águas também não se enxergava.


Eram suas cores negras que molhavam......





Houve então, a invasão das águas.


Parecia que a noite inteira era líquida e se derramava por cima do barco.


Pra mim, paresque ficamos balançando por perto dalguma margem.


Tanto o tempo não era tempo, como a noite não era noite e mata não era mata.


A chuva, de tanto negra que era, tinha ficado meio-branca ou sem cor, paresque.


Foi aí que me deu um relâmpago que rasgou o mundo em dois pedaços.


Não sei se fogo entrou por dentro de mim ou se fui eu que entrei por dentro do fogo.


A luz me cegou de repente e me alumiou inteiro por dentro.


O branco da luz virou de novo paresque em todas as cores.


Cores vivas, o senhor pensa.


E o negro de tanto negro virou de novo numa estranha claridade.


Claridade que paresque era mais de pensamento......





O silêncio era como a luz que a gente não via, mas que também não escutava....


e, quanto mais eu remava, mais a água ficava da cor da noite, da cor da luz, da cor do céu e da cor do vento. Cismei logo que fosse as maranhas dalgum encante, cobra-grande, boiúna, yara ou encante só da própria água....





Tudo era espaço e tempo vago. Verde e vago. Verdevagomundo.


Fi aí que eu me perdi na mais pura claridade.


Pensei que eu estava bem no fundo.


Mas, nesse mesmo instante, neste justo e exato momento, foi que a água e o céu se abriram e surgiu uma praia branca.


Todos os verdes e todas as cores se resumiram naquela praia.


E não tinha princípio nem fim. Era uma distancia.


Era paresque uma margem...


mas uma outra margem.


Fragmentos do romance “ A Terceira Margem”
- terceiro volume da tetralogia amazônica do Romancista Benedicto Monteiro
Site: www.verdevagomundo.com.br

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